Sem reajustes para policiais, Brasil corre o risco de sofrer “apagão” da segurança pública
Para especialistas, PEC 300 é importante, mas é insuficiente para solucionar o problema
Werther Santana/10.05.2011/Agência Estado
Para especialistas, polícia pode entrar em “colapso” se não for criado um plano de carreiras para
a área
A
Câmara dos Deputados deve votar ainda em 2011, em segundo turno, a PEC
300, proposta que cria um piso nacional para policiais militares,
civis e bombeiros. Mas apesar de concordarem com a aprovação da medida,
que enfrenta resistência por parte dos governos estaduais e federal,
especialistas ouvidos pelo R7 dizem que ela não é suficiente para solucionar o problema da segurança pública no Brasil.
Para
Guaracy Mingardi, analista criminal e professor da escola de Direito
da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e para o secretário executivo do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, o Brasil
deveria fazer uma “profunda reforma” em seu sistema de segurança, na
qual o reajuste salarial das categorias seria apenas um dos pontos a
serem implementados, mas não o único.
Para começar,
os analistas rejeitam o argumento da União e dos Estados de que falta
dinheiro para a área. De acordo com Lima, em 2010, o Brasil gastou, em
média, R$ 55 bilhões com segurança pública, quantia que seria muito
melhor aproveitada se fossem repensados os gastos do setor.
-
O Brasil tem um sistema que gasta muito, mas que é caótico, pouco
eficaz, e que paga muito mal seus policiais. O país investe, em média,
1,3% do PIB [produto interno bruto, ou a soma de todas suas riquezas]
com a área da segurança. É o mesmo que a França gasta, mas os policiais
franceses são mais bem pagos e as taxas de violência são bem menores.
Por quê? É algo pra gente pensar.
De
acordo com o levantamento mais recente do Fórum, cujos dados são de
2009, em ao menos 12 Estados e no Distrito Federal a taxa anual de
assassinatos é acima da média nacional, que é de 25 mortes para cada 100
mil habitantes – número que vem diminuindo, mas que ainda precisa
melhorar.
Uma
das soluções apontadas pelos especialistas para realizar gastos
públicos mais eficientes com a área seria unificar as polícias Civil e
Militar. De acordo com Mingardi, o fato de o país ter duas corporações
distintas, sob a tutela dos governos estaduais, “duplica os custos com
pessoal e com infraestrutura”. Entretanto, a proposta não encontra apoio
nem mesmo dentro das corporações, cuja rixa histórica não é segredo.
-
A unificação lenta das polícias diminuiria custos e aumentaria a
eficiência. Mas ninguém quer falar nisso, inclusive as próprias polícias
são contra. A rixa é muito grande e cada um dos dois lados tem medo de
ser engolido pelo outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO