O local do enterro será mantido em sigilo para evitar peregrinação por parte dos partidários do ex-líder líbio
AFP PHOTO/MAHMUD TURKIA
O corpo de Kadafi foi colocado por rebeldes numa caminhonete e levado para um local secreto
TRIPOLI - Nenhuma decisão foi tomada ainda sobre a data e local de sepultamento de Muammar Kadafi, informou nesta sexta-feira (21) o ministro Informação do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmud Shamame.
O CNT havia dito, durante uma conferência de imprensa na quinta-feira (20) à noite, horas após o anúncio da morte de Kadafi, que o o ex-líder seria enterrado em um local desconhecido depois de uma necropsia. O local do enterro será mantido em sigilo para evitar peregrinação por parte dos partidários do ex-ditador, mas ele deverá ser sepultado dentro de 24 horas, conforme a tradição islâmica.
ONU pede investigação sobre a morte de Kadafi
Em função disso, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu nesta sexta uma investigação.
"A respeito da morte de Kadafi ontem (quinta-feira), as circunstâncias ainda não são claras. Nós consideramos que é necessária uma investigação", declarou o porta-voz do Alto Comissariado, Rupert Colville, em referência aos vídeos que foram divulgados pelos meios de comunicação.
"Deveria acontecer uma investigação diante do que vimos", insistiu, antes de acrescentar que os "dois vídeos que mostram Kadafi são muito inquietantes".
Mas Colville não indiciou quem deveria assumir a investigação. Ele apenas recordou que o Conselho de Direitos Humanos da ONU determinou este ano a criação de uma comissão de especialista para analisar casos de violência na Líbia.
"A morte de Kadafi coloca um ponto final a oito meses de extrema violência e de sofrimentos para o povo líbio".
"Uma era começa na Líbia, que deve responder às aspirações do povo, em particular em termos de direitos humanos", completou.
O ex-ditador líbio, que estava foragido desde a queda de Trípoli em agosto, foi capturado com vida na quinta-feira perto de sua cidade natal, Sirte (360 quilômetros ao leste de Trípoli), e morto a tiros em circunstâncias ainda não esclarecidas.
Ele foi o primeiro dirigente árabe a morrer desde o início da "primavera árabe", uma sequência de revoltas populares contra os regimes autoritários na Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Iêmen e Bahrein.
Otan se reúne para debater fim da missão na Líbia
Os países membros da Otan se reúnem nesta sexta, na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas, para debater o fim da missão na Líbia, informou uma fonte diplomática, um dia depois da morte do coronel.
O conselho de embaixadores de 28 países se reúne a partir das 15 horas locais (11 horas de Brasília) para determinar a data do fim da operação iniciada em 31 de março.
"Para a Otan, o fato militar que conta é a queda de Sirte, e não a morte de Kadafi, que nunca foi o objetivo da missão", afirmou a fonte diplomática.
Assista ao vídeo, feito pela rede Al Jazeera
Depois da comemoração, Líbia aguarda anúncio de "libertação"
A Líbia aguarda, agora, a proclamação da libertação total do país, o que pode acontecer no sábado (22), depois de uma noite de celebrações pela morte de Kadafi.
A versão oficial, anunciada pelo primeiro-ministro Mahmud Jibril, é que o ex-ditador morreu com um tiro na cabeça durante um tiroteio entre forças do CNT e combatentes leais ao antigo regime.
Montagem mostra ex-líder líbio Muamar Kadafi usando diferentes trajes (Foto: AFP)
O anúncio da morte provocou festa em todo o país. Milhares de pessoas saíram às ruas espontaneamente para celebrar a notícia, em alguns casos de maneira histérica.
Em Trípoli, Misrata, Benghazi, Sabratha e outras cidades, os tiros para o alto prosseguiram durante a madrugada.
Os disparos deixaram pelo menos 63 feridos e podem ter provocado mortes, segundo o canal de TV Al-Ahrar.
O Conselho Militar de Trípoli pediu, em um comunicado, a todos os cidadãos o fim dos tiros, independente das armas ou circunstâncias.
A comunidade internacional saudou a morte de Muamar Kadafi, pediu a reconciliação no país e espera o fim da intervenção da Otan.
O CNT anunciou que a proclamação da libertação total da Líbia acontecerá nesta sexta ou no sábado, encerrando assim um conflito de oito meses que matou pelo menos 30 mil pessoas.
Após uma revolta sem precedentes contra o regime autoritário, Muamar Kadafi, de 69 anos, que governou a Líbia durante 42 anos, estava foragido desde agosto.
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