Mulher morre durante romaria a Aparecida

Adepta de seita do Santo Daime desapareceu na região da serra da Mantiqueira

FOTO: REPRODUÇÃO G1

Corpo de Maria Aparecida (detalhe) foi encontrado por trabalhadores rurais na região da serra da Mantiqueira

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Corpo de Maria Aparecida (detalhe) foi encontrado por trabalhadores rurais na região da serra da Mantiqueira

A morte de uma integrante da igreja "Céu da Mantiqueira", que segue a doutrina do Santo Daime, é investigada pela Polícia Civil. O corpo da aposentada Maria Aparecida Pereira, de 52 anos, foi encontrado com marcas de queimaduras, na segunda-feira, em uma mata fechada na serra da Mantiqueira, em Sapucaí Mirim, no Sul do Estado.

Ela desapareceu durante uma caminhada religiosa de 170 km, entre Camanducaia e o Santuário de Aparecida, no interior de São Paulo. A vítima estava em um grupo com cerca de 70 pessoas. O registro do sumiço foi feito apenas seis dias depois.

O delegado Álvaro Roberto Bernardes Júnior investiga se a aposentada morreu asfixiada pela fumaça e se ingeriu alguma substância entorpecente, que poderia ter favorecido seu desaparecimento. É comum entre membros da doutrina o consumo do chá do Santo Daime, como é conhecido o uso ritualístico da ayahuasca, bebida feita a partir de duas plantas da região amazônica e que têm propriedades alucinógenas.

"O corpo estava em um local onde a mata foi queimada. A vítima foi atingida por forte fumaça e fuligem", explicou o delegado. Acredita-se que o incêndio tenha sido provocado acidentalmente pela própria aposentada, ao fazer uma fogueira para se proteger do frio. A polícia aguarda o laudo da perícia para confirmar a causa da morte. O resultado deve sair na próxima semana. Até amanhã, a polícia deverá ouvir os romeiros.

De acordo com o irmão da vítima, Vanderlei Xavier Pereira, Maria Aparecida frequentava a seita religiosa há pelo menos dois anos. "Não sabíamos muito como eram os cultos que ela frequentava, mas ela sempre falava sobre o consumo desse chá e os efeitos nas pessoas". A aposentada era solteira e vivia com os pais.
A caminhada, que ocorre há 19 anos, era realizada por dentro da mata da Serra da Mantiqueira.

Segundo um dos responsáveis pela igreja "Céu da Mantiqueira", Rodrigo Ribeiro Lemos, Maria Aparecida era acostumada a participar da peregrinação. "Não nos preocupamos no início porque ela tinha o hábito de se distanciar do grupo e continuar a andar mesmo quando toda equipe parava para o descanso". Ainda de acordo com Lemos, o grupo saiu de Camanducaia na última sexta-feira. No sábado, a vítima teria se perdido. "Procuramos em toda mata e não encontramos. Decidimos seguir viagem na esperança de encontrá-la em Aparecida", disse Rodrigo Lemos.

Família está revoltada

A família de Maria Aparecida Pereira aguarda explicações dos responsáveis pela igreja "Céu da Mantiqueira" sobre a demora em registrar o desaparecimento da aposentada. "Ainda não conseguimos entender por que eles demoraram tanto em avisar à polícia e a nós sobre o desaparecimento dela", disse a irmã Márcia de Fátima Pereira Paiva, de 51 anos.

Além disso, os familiares reclamam da continuidade da caminhada. "Eles continuaram a peregrinação sem ao menos informar a nossa família do que havia ocorrido", disse Márcia. .