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segunda-feira, 3 de outubro de 2011


Em Minas, 202 homens da segurança pública estão jurados de morte por bandidos, e 121 deles deixaram suas casas


Flavio tavares
policial
Cabo da PM teve que sair de casa depois que recebeu ameaças


Minas Gerais tem 202 policiais e agentes penitenciários jurados de morte por bandidos. Os homens pagos para proteger o cidadão e garantir a segurança nos presídios foram obrigados a deixar as suas casas por causa de ameaças. O Programa Lares Gerais, da Secretaria de Estado de Defesa Social, mantém 121 policiais civis, militares e agentes em casas funcionais. Desde 2003, 145 homens da segurança foram mortos por criminosos.

Os policiais militares, que lidam diariamente com crimes, são os mais visados. São 98 que moram nas casas cedidas pelo Estado. Da Polícia Civil, são 22 investigadores e um agente penitenciário.

O Hoje Em Dia teve acesso aos documentos do serviço de inteligência do Governo de Minas, que revelam que mais 81 homens que fazem parte dos órgãos de segurança pública do Estado foram ameaçados, mas ainda estão em suas casas, a maioria localizada nos aglomerados das grandes cidades. São 43 policiais militares, 26 civis, dez agentes penitenciários e dois bombeiros.

Para que o Estado garanta uma moradia funcional, uma sindicância precisa comprovar que o policial ou agente sofreu algum tipo de ameaça. Mesmo com as fardas e o porte físico, que impõem um certo respeito, muitos militares são obrigados a deixar seus lares e até mesmo as roupas. É o caso de um soldado de 28 anos, criado no Aglomerado da Serra, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, que teve que abandonar sua casa, no final de 2010, juntamente com a mulher e um filho.

Aos 40 anos, dez deles prestando serviço na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, o agente, que se identificou pelo nome de guerra Barbosa, disse que já sofreu dois atentados. “Os ataques no muro da minha casa foram em 2009 e neste ano, depois que eu impedi a entrada de celulares para integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Vou continuar impedindo que os bandidos, que foram condenados para ficar atrás das grades, continuem comandando o crime dentro das penitenciárias”, afirma.

O coordenador de Direitos Humanos da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), subtenente Luiz Gonzaga Ribeiro, denuncia que não há casas funcionais no Estado para abrigar todos os ameaçados. Apesar de não ter os números fechados, o representante da categoria alerta que mais de 98 militares precisam deixar o bairro onde moram por causa do risco de ataques, inclusive a familiares.

Segundo Luiz Gonzaga, os policiais e agentes do interior de Minas são os mais vulneráveis. “Não há moradias funcionais para transferir o policial da cidade. Com isso, o risco de o militar sofrer um atentado é bem maior. Esse tipo de ameaça pode inibir o trabalho dos policiais”, alerta o coordenador.

“Sempre que eu chegava fardado em casa, tinha um carro parado na porta. Já recebi dezenas de telefonemas de bandidos me informando que sabiam onde os meus três filhos estudavam. Ele disseram que iam matar todos se a PM não parasse de atrapalhar a boca de fumo deles”, conta um cabo, de 44 anos.

Em 2007, ele teve que abandonar sua casa, em um bairro da Região Leste de Belo Horizonte. Com medo de revelar o nome e o local onde morava, o militar ainda vive com medo, mesmo depois de ter se mudado para um apartamento na Região Oeste da capital.

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