Adolescentes usaram a bebida que o próprio Pedro Aparecido carregava em um pequeno cantil para incendiar suas vestes
NELSON DUARTE / JORNAL DO SUDOESTE
Com 80% do corpo queimado, Pedro Aparecido Alves não resistiu e foi enterrado nesta quarta-feira
A polícia de Itamogi, cidade próxima a São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, apreendeu nesta quarta-feira (25) duas menores de 13 e 17 anos suspeitas de envolvimento na morte de um aposentado de 62 anos, queimado vivo na madrugada de segunda-feira (23). A polícia informou que um terceiro menor, de 17 anos, apreendido teria confessado o crime e apontado as adolescentes como comparsas. Os depoimentos foram prestados à delegada Renata Matoso Libório de Paula, que conduz as investigações. A delegada disse que as garotas teriam confirmado a participação no crime.
De acordo com o depoimento das adolescentes prestado à delegada, Pedro Aparecido Alves estava sentado na porta de um bar, já de madrugada, quando os três se aproximaram. O menor, que teria feito uso de drogas, puxou conversa com o homem, que estaria bêbado. Em seguida, sugeriu às adolescentes colocar fogo na vítima.
O menor usou o próprio isqueiro para colocar fogo no homem, com auxílio da bebida alcoólica que a vítima carregava em um pequeno cantil. Pedro Aparecido teria gritado por socorro e tentado, em vão, se livrar das roupas em chamas. Com 80% do corpo queimado, foi levado ao hospital de São Sebastião do Paraíso. Como seu estado era muito grave, foi transferido para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em Belo Horizonte. Sbmetido a cirurgia, pedro Aparecido não resistiu aos ferimentos.
O enterro de Pedro Aparecido, às 13 horas desta quarta-feira, parou Itamogi e seus 12 mil habitantes. "Ele era alcoólatra, mas era um homem bom, muito conversador e querido por todos. Nunca fez mal a ninguém. Não merecia morrer desta forma", lamentou o dono do bar, Eduardo Silva. Ele foi a última pessoa a estar com o aposentado antes do atentado. "Ele ficou aqui o dia inteiro no domingo. Bebeu muito, falou coisas engraçadas e quando eu fechei o bar ele ficou ali, quietinho, sentado do lado de fora".
Ainda na quarta-feira, quando a notícia da apreensão do menor se espalhou pela cidade, muitos moradores saíram às ruas para protestar contra a violência. "Este menor, que é de Casa Blanca (SP), estava passando férias com uma companhia de circo que havia chegado aqui na cidade. As pessoas ficaram furiosas e foram até o circo, que teve de baixar a lona e ir embora, escoltado", contou a moradora Lúcia de Fátima Santos.
Funcionários da delegacia de Itamogi informaram que as duas menores apreendidas são filhas de lavradores, que estavam trabalhando quando foram buscados para acompanhar o depoimento delas. "Eles choraram muito aqui e entregaram as meninas ao Conselho Tutelar. Disseram que para eles também acontecia o enterro das duas. Não querem mais saber delas", contou uma funcionária, que pediu para não ser identificada.
As garotas esperam a decisão do juiz substituto de Itamogi, José Márcio Parreira, sobre seu destino. O adolescente foi levado para o presídio de São Sebastião do Paraíso, onde ficará à disposição da Justiça.
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