Responsável pela transparência do governo de MG é delegada e venceu concurso de miss
Publicação: 20/11/2011 08:20 Atualização: 20/11/2011 19:14
No primeiro dia de trabalho como delegada, Margareth Travessoni pensou bem na roupa que usaria. Escolheu uma discreta calça jeans. Do lado direito da cintura deixou aparente a pistola .40. Do lado esquerdo, o distintivo da Polícia Civil. Quem chegava ao posto de delegada era uma moça de 23 anos, que dois anos antes tinha vencido um concurso de beleza, ganhado um contrato com a agência Ford Models, recebido o prêmio no programa Domingo Legal – do apresentador Gugu – e passado um fim de semana na Ilha de Caras. “Ia falar algo com um policial e ele me dizia que tinha de polícia mais tempo do que eu tenho de idade”, lembra Mag, como é chamada pelos colegas no governo mineiro, onde, aos 28 anos, ocupa o principal cargo de combate à corrupção em Minas Gerais, o de subcontroladora de Informação Institucional e da Transparência, da Controladoria Geral do Estado (CGE).
Veja a galeria de fotos
A doutora Margareth – identidade dela nas palestras que faz nas faculdades de direito do estado – nunca se intimidou com olhares enviesados. Sabia que nos corredores do Departamento de Investigação, na Lagoinha, onde comandou a Delegacia de Pessoas Desaparecidas e a unidade prisional (o famigerado depósito de presos), muitos se referiam a ela como mais uma “Barbie”. “Tem que lidar com a situação de maneira amistosa e não impor pela autoridade”, diz, terminando a frase com um sorriso capaz de desarmar o mais brucutu dos detetives.
A “Barbie”, além de linda, foi uma das melhores alunas do Colégio Santo Antônio. “O diretor falava que era difícil uma menina bonita ser tão estudiosa”, lembra. Do colégio passou para o curso de direito da UFMG. Foi aluna do governador Antonio Anastasia, monitora de uma disciplina lecionada por ele e teve a monografia (sobre parcerias público-privadas) orientada pelo “professor”, maneira pela qual ela continua se referindo a seu atual chefe.
Dos 19 aos 23 anos foi casada. Com o incentivo do ex-marido decidiu disputar o concurso Belíssima, da agência Ford Models, com outras 5 mil moças, e comandado pela modelo Luiza Brunet. Foi passando pelas seletivas até ficar entre as três finalistas. Venceu após conseguir a maior votação dos internautas. Diz que fez campanha e conseguiu o voto do professor Anastasia. “Ô Mag, votei em você lá. Deu um trabalho danado, mas votei”, recorda, remendando o tom de voz do governador.
Mag teve a chance de seguir a carreira, mas não quis ir morar em São Paulo e largar a faculdade. Na curta temporada como modelo participou de vários desfiles. Gostava de se apresentar com as roupas de festa das “butiques de luxo” de Lourdes. Enquanto se produzia no salão de beleza levava as apostilas do curso de direito e ficava estudando.
O mundo do deslumbre não pegou Mag. Nem o fim de semana que passou na Ilha de Caras, em Angra dos Reis (RJ), onde conviveu com globais como Murilo Rosa, Stênio Garcia e Flávia Alessandra. Mag é caseira e diz que para integrar o Grand Monde teria que frequentar festas e eventos sociais: “Quem não é visto não é lembrado”.
A vontade dela era
ingressar na carreira pública. Fez concurso para delegada na Polícia
Civil e passou. Era a definição perfeita do que os policiais chamam de
“vibrador”: um servidor empolgado e que se considera uma espécie de
super-herói, acreditando ser capaz de mudar o mundo. Ocupou postos
ligados à administração e participou da campanha “Volta”, promovida
pelo governo estadual para encontrar pessoas desaparecidas.
Mag nunca precisou disparar a pistola .40 em ação, mas faz com as duas mãos espalmadas a menção ao tamanho da arma, deixando explícita a discrepância entre a pistola e a delicadeza da dama. Em uma solenidade de entrega de viaturas, em 2006, o senador Aécio Neves (PSDB), então governador, passou a policial em revista e perguntou incrédulo: “Tem certeza que você é delegada?”. Margareth deu um de seus melhores sorrisos, aquele que retribui com educação os incessantes elogios.
Desfile No atual cargo a subcontroladora pode deixar a beleza aparente sem nenhum tipo de receio. Todas as unhas pintadas com esmalte vermelho. Duas pulseiras e um relógio no braço direito. Um belo vestido preto dois dedos acima do joelho. Antes de desfilar para as fotografias pelas passagens entre os edifícios Minas e Gerais na Cidade Administrativa, Mag aproveita todas as oportunidades de se observar em um espelho. Ajeita o cabelo e lamenta não ter sido avisada em tempo de se produzir. “Fazer uma escova, quem sabe”, diz, enquanto segura o queixo com a mão, um trejeito de reflexão.
O gesto será repetido com frequência nos próximos meses. O Portal da Transparência, (transparencia.mg.gov.br), que é responsabilidade da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), passará no próximo ano para a subcontroladoria comandada por Margareth. A Lei de Acesso às Informações Públicas foi sancionada pela presidente Dilma na sexta-feira e deixa claro, como diz Margareth, que o acesso a todos os tipos de informação é a regra e que o sigilo é exceção.
A vontade de Margareth é que a CGE seja escolhida como órgão recursal. Ou seja, quando o cidadão não conseguir o acesso à informação, deve bater na porta da CGE para reclamar. A lei sobre o assunto está em fase final de preparação. Enquanto isso, a subcontroladoria que foi criada neste ano, com a posse dela em maio, se prepara para as mudanças. Além das informações institucionais e transparência, engloba a superintendência de suporte à prevenção e ao combate à corrupção.
Mag veste a camisa da transparência. Diz que faz o que for preciso para chamar a atenção para a causa. Brinca que seria capaz até de usar uma camiseta branca e molhada com a palavra transparência em letras garrafais. Bem-humorada, ela só não leva a ideia adiante, pois gosta muito do trabalho e não quer ser exonerada. Mas até os prédios projetados por Oscar Niemeyer concordam que seria uma ótima ideia e seriam capazes de se movimentar para demoverem o professor Anastasia de uma crueldade dessas.
Mag nunca precisou disparar a pistola .40 em ação, mas faz com as duas mãos espalmadas a menção ao tamanho da arma, deixando explícita a discrepância entre a pistola e a delicadeza da dama. Em uma solenidade de entrega de viaturas, em 2006, o senador Aécio Neves (PSDB), então governador, passou a policial em revista e perguntou incrédulo: “Tem certeza que você é delegada?”. Margareth deu um de seus melhores sorrisos, aquele que retribui com educação os incessantes elogios.
Desfile No atual cargo a subcontroladora pode deixar a beleza aparente sem nenhum tipo de receio. Todas as unhas pintadas com esmalte vermelho. Duas pulseiras e um relógio no braço direito. Um belo vestido preto dois dedos acima do joelho. Antes de desfilar para as fotografias pelas passagens entre os edifícios Minas e Gerais na Cidade Administrativa, Mag aproveita todas as oportunidades de se observar em um espelho. Ajeita o cabelo e lamenta não ter sido avisada em tempo de se produzir. “Fazer uma escova, quem sabe”, diz, enquanto segura o queixo com a mão, um trejeito de reflexão.
O gesto será repetido com frequência nos próximos meses. O Portal da Transparência, (transparencia.mg.gov.br), que é responsabilidade da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), passará no próximo ano para a subcontroladoria comandada por Margareth. A Lei de Acesso às Informações Públicas foi sancionada pela presidente Dilma na sexta-feira e deixa claro, como diz Margareth, que o acesso a todos os tipos de informação é a regra e que o sigilo é exceção.
A vontade de Margareth é que a CGE seja escolhida como órgão recursal. Ou seja, quando o cidadão não conseguir o acesso à informação, deve bater na porta da CGE para reclamar. A lei sobre o assunto está em fase final de preparação. Enquanto isso, a subcontroladoria que foi criada neste ano, com a posse dela em maio, se prepara para as mudanças. Além das informações institucionais e transparência, engloba a superintendência de suporte à prevenção e ao combate à corrupção.
Mag veste a camisa da transparência. Diz que faz o que for preciso para chamar a atenção para a causa. Brinca que seria capaz até de usar uma camiseta branca e molhada com a palavra transparência em letras garrafais. Bem-humorada, ela só não leva a ideia adiante, pois gosta muito do trabalho e não quer ser exonerada. Mas até os prédios projetados por Oscar Niemeyer concordam que seria uma ótima ideia e seriam capazes de se movimentar para demoverem o professor Anastasia de uma crueldade dessas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
DEIXE AQUI O SEU COMENTÁRIO