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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Somente este ano, a Polícia Civil abriu 171 inquéritos relacionados a pessoas desaparecidas em Minas Gerais


FREDERICO HAIKAL
desaparecidos
Gustavo organiza uma força-tarefa para tentar localizar o irmão Vinícius


Eram quase três horas da tarde do último dia 11 e o engenheiro aposentado Pedro Alves de Carvalho, de 72 anos, viajava de carro pela BR-262 com o filho, o músico Vinícius Maia Carvalho, de 28, com destino à capital mineira. Os dois voltavam das férias em Guarapari, no litoral capixaba, onde passaram o Réveillon ao lado de parentes e amigos. O jovem enfrentava um quadro grave de depressão e, de forma inesperada, abriu a porta do veículo, saiu e pulou nas águas de um rio do município de Rio Casca, na Zona da Mata. Vinícius nadou até a outra margem, sentou-se em uma pedra e, em seguida, caminhou até sumir no meio do matagal.
 
Passadas duas semanas, Vinícius Carvalho continua desaparecido. A família entrou em contato com a polícia, mas nenhum indício sobre o paradeiro do músico foi encontrado. O sumiço do jovem é um dos 171 casos registrados na Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida (DRPD) de Minas, apenas neste ano. A média é de quase sete ocorrências por dia. Desde 2006, quando o cadastro estadual foi lançado, 2.619 homens, mulheres e crianças são procuradas no Estado. São casos que desafiam a polícia pela complexidade ou pela total falta de pistas.
 
Os casos sem solução em Minas representam 20% dos 12.173 notificados nos últimos cinco anos. Os demais 9.554 foram esclarecidos, amenizando a dor de pais e mães que prestaram queixa na polícia.
 
Há quem critique o fato de que os desaparecimentos ainda sob investigação referem-se, justamente, às ocorrências mais emblemáticas –e que envolvem, em geral, relações diretas com a criminalidade.
 
Essa, pelo menos, é a opinião do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O parlamentar cita como exemplos os casos da bancária Daniela Cardoso, em julho de 2001, e da estudante Carla Emanuelle da Silva, que sumiu em março de 1999, aos 11 anos. A primeira foi vista pela última vez em um estacionamento no Centro da capital. A outra foi comprar um pacote de macarrão em um shopping da região Nordeste de BH e nunca mais deu notícias. Apesar das críticas quanto aos casos sem solução, o deputado faz questão de destacar a relevante atuação da Divisão da Pessoa Desaparecida da Polícia Civil mineira.
 
A delegada Cristina Coelli, chefe da divisão, garante ser impossível afirmar que os 20% de casos não resolvidos são justamente os mais complicados. Segundo ela, tanto conflitos familiares como homicídios podem fazer parte das estatísticas. Para a policial, os números são positivos e se devem a uma somatória de esforços, desde o atendimento investigativo e psicossocial aos convênios firmados.
 
Segundo a delegada, são inúmeros os motivos que levam ao sumiço de uma pessoa. O caso mais comum é o conflito familiar, podendo ser por circunstância criminosa ou social.
 
O primeiro passo para a localização de um desaparecido é o registro de um boletim de ocorrência na Polícia Civil ou Militar. Assim que a queixa é feita, o documento de identidade da pessoa é bloqueado. É importante levar uma foto do desaparecido.
 
Desta quinta-feira (26) até o próximo fim de semana, pelo menos 30 pessoas, entre familiares e amigos de Vinícius Maia Carvalho, estarão reunidos em uma espécie de força-tarefa para procurar pelo músico. O bancário Gustavo Maia Carvalho, de 33 anos, irmão de Vinícius, garante que a esperança de localizar o rapaz jamais será esgotada. “Ele é forte e muito inteligente. Apesar deste distúrbio temporário, tenho certeza de que ficará bem”.

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