Denúncia de drogas veio a reboque do escândalo do vereador Gêra Ornelas (PSB), alvo de processo disciplinar
DIVULGAÇÃO
Imagens do circuito interno mostram três policiais na portaria da presidência
A crise política provocada pela revelação do vídeo mostrado com exclusividade pelo Hoje em Dia - em que o vereador veterano Gêra Ornelas (PSB) aparece acariciando uma garota e de cueca samba-canção dentro do gabinete - fez surgir outro episódio nebuloso, desta vez envolvendo parte da cúpula da Câmara Municipal de Belo Horizonte. Poucos dias depois de o primeiro vice-presidente, Alexandre Gomes (PSB), e de o secretário-geral, Cabo Júlio (PMDB), terem divulgado a informação reservada de que o gabinete do líder do PT, João da Locadora, tinha sido alvo de um suposto pedido de busca e apreensão porque teria virado ponto de tráfico de drogas, a Polícia Civil derrubou essa versão.
Na última semana, o Hoje em Dia teve acesso a um DVD com as imagens gravadas pelo circuito interno da Câmara em fevereiro deste ano. Elas revelam que realmente três policiais foram até a Câmara Municipal. No entanto, diferentemente da versão apresentada pelos vereadores Alexandre e Cabo Júlio, a equipe de policiais foi apenas iniciar uma investigação em cima de uma denúncia anônima, e não realizar uma busca e apreensão no gabinete do petista, já que não tinham mandado judicial que pudesse respaldar tal procedimento.
"Nenhuma equipe sai da delegacia sem justificar o motivo. E o procedimento da busca e apreensão só é permitido com autorização judicial. Isso é lei. Muitas versões podem ser levantadas, mas o fato é que no episódio da Câmara houve um início de uma investigação, de uma averiguação, que não foi para frente por causa da falta de provas", afirmou a delegada Vânia Godoy, atual chefe do Departamento Antidrogas da Polícia Civil de Minas.
O episódio remete ao início deste ano. Identificados pelo vereador Cabo Júlio como sendo os investigadores Simões, Gustavo e Gladston, as imagens do circuito interno captaram os três entrando pelo hall principal da Câmara Municipal exatamente às 11h12 da terça-feira do dia 22 de fevereiro. Segundo a policia, um deles se aposentou recentemente.
Em primeiro plano, as imagens mostram um homem mais velho, vestido com uma blusa de cor salmão ao lado de um indivíduo mais jovem trajando uma blusa de tom avermelhado. No fundo, pode ser visto o outro policial com uma blusa verde, usando boné e portando um embrulho embaixo do braço.
Os três foram direto para a portaria número 1, responsável pelo atendimento do gabinete do presidente da Câmara. Como o presidente, Léo Burguês (PSDB), não estava no recinto os policiais foram encaminhados pela segurança da Casa até o gabinete do primeiro vice-presidente, Alexandre Gomes (PSB).
Alexandre, por sua vez, disse ter acionado imediatamente o procurador-geral, Luiz Fernando Reis, para acompanhar oficialmente a ação dos policiais.
Durante a conversa entre eles, Alexandre garantiu ter partido dos policiais o suposto pedido de busca e apreensão no gabinete do petista João da Locadora.
Mesmo não tendo respaldo da Justiça, o primeiro vice disse que os policiais ficaram contrariados com recusa da busca e apreensão e prometeram voltar depois munidos de autorização judicial, o que não ocorreu.
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