Soldados Jason e Jonas, presos desde fevereiro, são acusados de matar tio e sobrinho no aglomerado da Serra
Publicado no Super Notícia em 14/10/2011
FOTO: CRISTIANO TRAD - 21.02.2011
Mobilização da comunidade foi fundamental na investigação que incriminou o grupo de policiais militares
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As mortes aconteceram em uma ação desastrosa do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) no aglomerado. Os soldados mataram tio e sobrinho à queima-roupa com tiros de fuzil. Jeferson da Silva era filho do policial militar Denílson Veriano da Silva. As vítimas não tinham qualquer envolvimento com crimes e, para justificar a suposta dupla execução, num dos becos do aglomerado, os policiais teriam forjado um tiroteio, que foi descartado pela investigação policial.
O julgamento ainda não tem data para acontecer. Os advogados de defesa informaram ontem que vão recorrer. "Não há provas contra o Jason. Ele participou de uma troca de tiros", defendeu o advogado Ricardo Gil Magalhães.
Além de Jason e Jonas, outros dez policiais foram indiciados por envolvimento na morte dos moradores. Um deles, cabo Fábio Oliveira, 45, chegou a ser preso com os colegas, quatro dias após o crime, mas se matou por enforcamento na prisão. De todos os 12 indiciados, apenas os dois presos irão responder pelo homicídio. Outros nove militares, que continuam trabalhando, foram indiciados por falsidade ideológica e prevaricação.
O tenente-coronel Alberto Luiz Alves, assessor de imprensa da Polícia Militar, disse que o processo administrativo contra todos os 11 policiais suspeitos ainda não foi concluído. Os que respondem em liberdade, segundo o assessor, estão fora do policiamento nas ruas, exercendo atividades administrativas. "As acusações sobre o Jason e o Jonas são muito graves. Eles podem ser exonerados".
A investigação mostrou que os policiais tentaram mudar a cena do crime para incriminar as vítimas. Eles chegaram a usar duas fardas do soldado Jason para justificar a versão de que tio e sobrinho eram traficantes que, usando uniformes militares, receberam os policiais a tiros. Armas com numeração raspada também foram colocadas no local da execução.
A versão dos acusados, no entanto, foi derrubada pela perícia e pelos relatos de testemunhas que comprovaram que os moradores foram alvo de uma execução. Ao todo, 24 pessoas foram ouvidas no processo. A morte de tio e sobrinho provocou, na época, uma reação nunca vista em um aglomerado da capital. Escolas, postos de saúde e ônibus deixaram de funcionar após uma série de protestos, que teve queima de coletivos e confrontos entre comunidade e policiais.
Família
O pai de Jeferson da Silva e irmão de Renilson Veriano da Silva, o cabo Denilson Veriano da Silva, de 43 anos, disse que a família só se sentirá aliviada com a condenação dos soldados. "Não tenho sentimento de revolta. Mas é uma dor muito grande que está presente todo dia. Vamos ficar aliviados com a condenação dos culpados".
Para o irmão de Renilson, Jailson Veriano, de 30, havendo pena mínima ou máxima, a família não tem o que comemorar. "Os dois não vão voltar. Ficou um vazio muito grande", disse Jailson. (Com Ricardo Vasconcelos)
PM mudou tratamento no local
Ruas
tranquilas e com clima de segurança. Moradores do aglomerado da Serra,
na região Centro-Sul da capital, dizem que depois de anos vivendo sob a
truculência e o abuso de muitos policiais, o relacionamento com a
Polícia Militar agora é diferente.
Para o presidente do Conselho Comunitário Assistencial e Social da Vila Marçola, Antônio João, o respeito que parecia não existir com as pessoas de bem que vivem no local hoje é visto nas abordagens. "A relação com a polícia melhorou muito. Existe uma ou outra reclamação isolada", disse o líder comunitário. Depois dos assassinatos de tio e sobrinho, militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) não são vistos mais com tanta frequência na comunidade. O Grupo Especial de Patrulhamento de Área de Risco (Gepar) se aproximou da comunidade.
A vendedora Ruth Oliveira Santos, de 27anos, confirma que a região nunca esteve tão tranquila. "As viaturas passam constantemente durante o dia e os policiais estão tendo mais respeito e prudência com os moradores", disse. Para o padeiro Daniel Pereira de Carvalho, de 52, que conhecia as vítimas desde criança, os dois fazem muita falta. "Mesmo com a perda, o importante foi a mobilização da comunidade que conseguiu uma resposta da Justiça", disse. O assessor de imprensa da PM, tenente-coronel Alberto Alves, disse que a polícia se empenhou em se aproximar da comunidade após os crimes. (RV/TT)
Para o presidente do Conselho Comunitário Assistencial e Social da Vila Marçola, Antônio João, o respeito que parecia não existir com as pessoas de bem que vivem no local hoje é visto nas abordagens. "A relação com a polícia melhorou muito. Existe uma ou outra reclamação isolada", disse o líder comunitário. Depois dos assassinatos de tio e sobrinho, militares do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) não são vistos mais com tanta frequência na comunidade. O Grupo Especial de Patrulhamento de Área de Risco (Gepar) se aproximou da comunidade.
A vendedora Ruth Oliveira Santos, de 27anos, confirma que a região nunca esteve tão tranquila. "As viaturas passam constantemente durante o dia e os policiais estão tendo mais respeito e prudência com os moradores", disse. Para o padeiro Daniel Pereira de Carvalho, de 52, que conhecia as vítimas desde criança, os dois fazem muita falta. "Mesmo com a perda, o importante foi a mobilização da comunidade que conseguiu uma resposta da Justiça", disse. O assessor de imprensa da PM, tenente-coronel Alberto Alves, disse que a polícia se empenhou em se aproximar da comunidade após os crimes. (RV/TT)
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