Membros da organização criminosa tinham estatuto e organograma da “filial” mineira do grupo paulista
cristiano couto
Líderes do Primeiro Comando já estão sob a tutela do Estado
A Polícia Civil conseguiu abortar o que seria a tentativa da organização criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) de criar seu braço em Minas Gerais. Onze homens já identificados, dos quais cinco estão presos, estavam à frente do esquema.
Entre os criminosos que pretendiam criar o Primeiro Comando de Minas Gerais (PCMG) estão Bruno Rodrigues de Souza, de 22 anos, conhecido como “Quén-Quén”, suspeito de envolvimento em vários assassinatos, e Ângelo Gonçalves de Miranda Filho, o “Pezão”, que seria o chefe da facção no Estado.
Os dois foram presos no começo deste mês, no litoral do estado de São Paulo, e respondem a inquéritos de assassinatos que estão em curso na Divisão de Homicídios.
O Hoje em Dia obteve as informações de fontes da Secretaria de Estado da Defesa Social (Seds), que solicitaram anonimato. As fontes adiantaram que policiais civis empenhados nas investigações conseguiram apreender um texto que contém os mandamentos, ou regulamentos, que deveriam ser obedecidos pelos criminosos integrantes da “filial” mineira e um organograma com a hierarquia do grupo criminoso.
Seis dos 11 estão foragidos e são procurados em todo o país. Os cinco presos são “Pezão”, “Quén-Quén”, Aldemar Aparecido Rodrigues Costa, o “Lacraia”, Evandro Luiz dos Santos e Rafael Douglas Aparecido dos Santos.
O grupo de criminosos já havia conseguido estabelecer o que a Polícia Civil denominou “estrutura tríplice”, para ações criminosas em Belo Horizonte e Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e em Ribeirão Preto, no interior paulista, criando um corredor para o tráfico de drogas exclusivo para o grupo.
O relatório oficial da polícia sobre o assunto afirma que “há muito já se noticia que criminosos oriundos de São Paulo estariam agindo e se organizando em outros estados da federação, incluindo Minas Gerais”. “Mas o que nos surpreende é o fato de cidades do interior do nosso Estado, como é o caso de Teófilo Otoni, com pouco mais de 130 mil habitantes, estarem em destaque quanto ao crime organizado”, diz o relatório assinado por delegados.
“Desde 2005, a Polícia Civil vem realizando operações para a desarticulação do tráfico de drogas ligado ao PCC. Contudo, parte dos criminosos se reorganizou e se transferiu para a Região Metropolitana de Belo Horizonte e, com eles, parte dos criminosos oriundos do interior paulista”, reforça os documentos.
As fontes ouvidas pelo Hoje em Dia asseguram que o braço mineiro do PCC deve ter outros integrantes, além dos que já foram identificados. Esses criminosos se dedicam, segundo os documentos, à prática de estelionato, extorsão, “sapatinho” (sequestro de gerentes de banco e seus familiares), “saidinhas” de banco, assaltos e homicídios. Tudo isso com a finalidade de arrecadar fundos para sustentar e reforçar o tráfico de drogas em Belo Horizonte, Teófilo Otoni e Ribeirão Preto.
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